A desvalorização do real nas
últimas semanas terá impacto direto no bolso do consumidor ao comprar aparelhos
eletrônicos. Além de encarecer os produtos importados, a subida da taxa de
câmbio deve provocar a elevação de preço também dos equipamentos fabricados no
Brasil, já que haverá aumento no custo dos componentes.
No caso de produtos
importados, o aumento deve ser repassado ao preço final se a taxa de câmbio se
mantiver elevada. Se o dólar se estabilizar em torno de 1,80 real, por exemplo,
o preço pode subir mais de 10%. Já o impacto nos produtos fabricados no Brasil
tende a ser menor. Mas, como os componentes importados ficarão mais caros, eles
também devem se encarecer.
Durante o anúncio da sua nova
linha de tablets Ypy, na terça-feira, a Positivo divulgou que os aparelhos
terão preço começando em 999 reais. Mas esse valor poderá ser revisto em função
da taxa de câmbio. “Se o dólar continuar subindo, não tem jeito”, disse,
durante o evento, Hélio Rotenberg, o presidente da Positivo. Ele admitiu que o
tablet será vendido com margens pequenas. Se a taxa de câmbio se estabilizar em
1,80 ou mais, o preço deve subir para que a empresa não tenha prejuízo.
Tanto no caso dos eletrônicos
nacionais como dos importados, a porcentagem exata do aumento de preço vai
depender da política do fabricante ou do distribuidor e do comportamento da
taxa de câmbio. Se as empresas avaliarem que a alta do dólar é passageira,
podem decidir apertar suas margens temporariamente para não elevar demais o
valor na etiqueta do produto.
A Nintendo, por exemplo,
lançou, nesta semana, uma edição específica para o Brasil do seu console para
jogos Wii por 999 reais. O produto é importado pela Gaming do Brasil, sua
distribuidora exclusiva, que diz que deve manter o preço por enquanto.
"Temos um colchão de hedging contra as flutuações no câmbio. Vamos
absorver a alta. Só teremos de rever o preço se o dólar passar de 2
reais", diz Juliano Bolzani, gerente-geral da distribuidora.
Naturalmente, se a taxa de
câmbio continuar subindo – vários analistas já preveem que pode chegar a 1,90
real nas próximas semanas – a alta nos preços de boa parte dos produtos será
inevitável.